6 de out. de 2011

Eu queria que meus filhos me conhecessem

"Eu queria que meus filhos me conhecessem", disse ele. "Eu nem sempre estava presente, e queria que eles soubessem o porquê disso e entendessem o que fiz."

Steve Jobs

O texto acima é um recorte de um artigo de Walter Isaacson, escritor responsável pela biografia de Steve Jobs. O que mais me chamou atenção no artigo foi justamente a última frase. Onde ele (Jobs) afirma o desejo de ser conhecido pelos seus filhos, pois, ele nem sempre estava presente e queria que seus filhos soubessem mais sobre sua vida e tudo o que ele fez.

Terêncio, um poeta romano que viveu bem antes de Cristo disse certa vez: “Eu sou humano, e nada do que é humano me é estranho”. Então não posso estranhar esse comportamento de viver uma vida tão arraigada nos projetos deste mundo, que nem percebe as pessoas à sua volta. Às vezes vivemos uma vida tão medíocre, tão pequena, tão pobre, que tudo que enxergamos é somente o vil metal. Vivemos de forma insanamente comprometidos em realizar coisas grandes. Queremos as luzes da ribalta acesas sobre o nosso ego que nunca está massageadamente satisfeito. E nessa loucura de sempre querer fazer mais e mais, esquecemos das coisas que realmente precisam ser valorizadas: A família, os filhos, o Eterno.

O homem logo após a sua queda, foi induzido a construir coisas e realizar projetos e essa atitude o colocou na contramão da vontade divina, senão vejamos.

“Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Deus os abençoou, e lhes disse: Sejam férteis e multipliquem-se! Encham a terra e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem rente ao chão”. Gn 1:27-28

O texto acima relata a criação do homem e a ordem do criador para que ele e a mulher se tornassem férteis e tivessem muitos filhos, ou seja, para que desenvolvessem relacionamentos e construíssem famílias. Deus não mandou que realizassem grandes projetos, não é de objetos que o homem precisa, ele precisa de pessoas. Os homens não foram feitos por causa das coisas, as coisas foram feitas por causa dos homens.

O homem caiu, e com a queda veio um profundo desejo de se tornar célebre. Cada vez mais ele sentia a necessidade de se destacar perante os outros, haja vista o registro em Gênesis 11:3-4 que diz:

 “Disseram uns aos outros: Vamos fazer tijolos e queimá-los bem. Usavam tijolos em lugar de pedras, e piche em lugar de argamassa. Depois disseram: Vamos construir uma cidade, com uma torre que alcance os céus. Assim nosso nome será famoso e não seremos espalhados pela face da terra”.

Contrariando mais uma vez a vontade do Eterno, que ordenou a Noé após o dilúvio: “Sejam férteis, multipliquem-se e encham a terra.” Gn 9:1b, o homem se inclina para construção de mega projetos e esquece que o humano é mais importante que o material.

A semente daninha que desperta no homem o desejo de criar coisas fazendo com que se esqueça de gerar relacionamentos, transcendeu os séculos, e hoje mais do que nunca somos impelidos a buscar o reconhecimento pelos nossos feitos.

Steve Jobs deixou um império reconhecido mundialmente, um patrimônio avaliado em 8 bilhões de dólares. Foi um homem com uma mente excepcionalmente inventiva, que criou objetos desejados pelo “mundo inteiro”. Um homem a quem todos conheciam pelas suas criações, mas que nas ultimas semanas de vida declarou que queria ser conhecido pelos seus filhos. Fez tantas coisas nessa vida temporal e pra eternidade o que será que ele construiu?

“Não se turbe o vosso coração. Crede em Deus, Crede também em mim. Na casa de meu Pai, há muitas moradas. Se assim não fora eu vo-lo teria dito, pois vou aparelhar-vos o lugar. E depois de ir- virei, outra vez e tomar-vos-ei para mim, para que onde eu esteja, estejais vós também.”  João 14:1-3

Aldrin Sena

Porto Seguro, 06/10/2011 às 21:15hs